Escrever a si próprio, muito tempo depois, quando as expectativas se cumpriram ou tomaram um perfil inesperado que nos transformou.
Escrever a si próprio, muitos anos passados, quando a curva do último limite está à vista e temos de fazer adivinhar à jovem de outro tempo o que lhe permanece invisível na subida.
Escrever a si próprio, dirigindo ao que ficou inconsolado uma energia que compensa o fracasso porque já o pressupõe.
Escrever a si próprio, tomando nos braços a criança que tropeçou à beira-mar, no ímpeto da sua correria alada.
Dizer-lhe, no canto do vento que sopra do mar, como se funde na alegria de todos os mundos o tão simples mistério de ela existir.
Escrever a si próprio, acender os portões de luz que abrem para todos os outros.
Com IM10 – Partilha de Inspirações – OE