Image par Gerd Altmann de Pixabay
Terminamos aqui a partilha de apontamentos sobre a nossa iniciação ao conceito de “Decrescimento“, a qual irá, certamente, dar o seu fruto, ao longo do novo Ano Letivo, no CAD.
Surge “uma nova ideia de Desenvolvimento”, o crescimento do Produto Interno Bruto a todo o custo perde o seu significado, mas torna-se essencial que as atividades humanas nutram e protejam a Natureza ao invés de delapidar os seus recursos finitos.
Segundo os relatórios Altri […] os países da Europa são “responsáveis por 71% das impurezas dos Combustíveis fósseis”, dado que estes representam 71% da nossa energia bruta.
Os especialistas sabiam “que a temperatura ia aumentar, mas, ao mesmo tempo, adiavam o momento de avisar que a redução no uso dos combustíveis era inevitável”.
Porquê este adiamento? Segundo o Economista Gael Giraud, os 11 maiores bancos do mundo têm os seus fundos de investimento comprometidos na exploração dos combustíveis fósseis e podem implodir se a retirada for súbita.
Entretanto, surgem formas mais humanas de conduzir a vida das sociedades: a Helena sublinhou que “em 16º lugar no Happiness Report 2021, a Costa Rica apresenta “A maior reserva ecológica”; há mais de 70 anos que “tomaram a decisão de não investir dinheiro público em armas: eis um País com a coragem de não ter um exército.”
No entanto, uma Colega partilhou que, num Projeto “com um colega do Brasil que trabalha em Geologia e Biologia pré-Universitárias, os alunos diziam que não iam deixar a Fast Food e os Shoppings. O motivo seria: a dimensão é tão grande que não vale a pena sair do conforto da nossa consciência.”
Assim, reconhecemos que “as poucas coisas que fazemos nas aulas de Cidadania não estão alinhadas com a mensagem da Cultura Geral que as Escolas refletem. Como ter uma vida boa?”
Como mudar a cultura? Será preciso “Abrir espaços em que as lógicas sejam diferentes, em que se vivencie a comunidade, o serviço mútuo.”
Recentemente, experimentamos alterações significativas no nosso modo de consumir: “Por exemplo, durante os confinamentos, as pessoas começaram a explorar as redondezas.” “Descobrem que pode haver outras coisas que sejam mais apelativas” que os bens materiais imediatos.
Ana Poças, a jovem doutoranda, a especializar-se em “Consumo Sustentável”, partilhou entaõ as suas sugestões de boas práticas; a elas acrescentamos uma constatação que mostra a mudança de mentalidade partindo do próprio mundo das empresas e ainda algumas propostas, na linha da transição ecológica, do economista Gael Giraud:
1 – “Para as empresas: mudar o que for preciso para que o objetivo final da empresa já não seja o lucro.”
Segundo o relatório Business Roundtable Report 2021– “Os Americanos merecem uma economia que permita a cada pessoa ter sucesso através de trabalho exigente e criativo, bem como a viver uma vida com significado e dignidade”, de tal modo que o objetivo de alcançar lucro a todo o custo já não tem qualquer exclusividade.
2 – Para as Instituições que compram materiais: “Reutilizar e não seguir as regras-padrão”; fabricar para a durabilidade; relocalizar as empresas e reindustrializar os países do Ocidente.
3 – Para as comunidades: procurar “Recursos Ocultos”.
Aqui Ana Poças partilhou a descoberta que fez “um Grupo de Artistas na Holanda, que têm em vista a redução da pegada carbónica”; visitando uma Universidade, viram que, no Campus, vivia um rebanho de ovelhas. Souberam que a lã era exportada para a China, com o fim de se fabricarem feltros baratos.
“Então, o Grupo de Artistas desviou o destino da lã; fizeram um Projeto com os Alunos: trabalharam a lã e descobriram que, entre outras aplicações locais, podiam sintetizar Vitamina D da própria lã.”
“Desviar o destino” é como um apelo da realidade que muitos já escutam e se apressam a pôr em prática, recriando o seu quotidiano, reinventando no nosso hoje a vocação originária de viver em comunidades criativas – sejam elas urbanas ou rurais – no cuidado da Terra que as sustenta.
(Apontamentos da sessão Zoom da Cátedra Geral da Unesco para a Paz Global e Sustentável a 28/07 de 2021)
Bibliografia: L’Économie à Venir– Gael Giraud e Felwine Sarr
Só o Comum salva a modernidade
Gael Giraud, il futuro deve essere low tech
https://ideas4development.org/en/growth-is-no-longer-a-panacea/
https://usbeketrica.com/fr
Institut Momentum –
https://www.decrescimento.pt/
Degrouth 2021
La maison commune de la décroissance