A Vera apercebeu-se de que estava muito, muito alto, quando uma águia lhe passou ao lado e quase a derrubou, mas apareceu um cogumelo falante que a agarrou com as suas mãozinhas pegajosas.
Vera agradeceu-lhe, sem pensar duas vezes, e apercebeu-se de que ainda tinha o líquido pegajoso nas mãos.
Porém, sem reparar no que estava a fazer, quando se foi agarrar a outra rocha para subir, escorregou, pela gosma do cogumelo nas suas mãos, e caiu, vendo o seu destino mais e mais pequenino e com o vento a passar-lhe pelos cabelos.
Como uma pena caiu, curiosamente, com leveza, ao lado do sopé da montanha. Quando acordou do seu longo, mas não grave desmaio, o seu primeiro sentimento foi de raiva, por ter confiado naquele cogumelo pequenino mas traiçoeiro.
(Ai, coitadinho do cogumelo, nem tem culpa, e de certeza que não o fez por mal, acho que a Vera está a ser um pouquinho injusta.)
Sabia que não conseguia subir a montanha outra vez; então fez a escolha mais fácil: a de voltar e deixar para trás o seu sonho de descobrir o que está para lá da Montanha.
E lá foi ela, de volta para casa, com a sua mochila e o seu lanchinho saboroso, à espera de um castigo e de um abraço de sua mãe.
(Continua) – CC9B