Imagem: Oficina de Escrita
Cada um de nós é um feixe “de possibilidades praticamente inesgotáveis”* e cada um “se aprofunda pelo exercício do seu poder interrogante”*.
Nesse experimentar-se destaca a constitutiva relação aos outros: em comunhão com todos é que se torna possível a descoberta vital de um sentido para cada um.
Para Chris Bailey, autor de “Hyperfocus”, a ferramenta mais poderosa, mas limitada e sujeita a constrangimentos, para nos introduzir nesta aventura de construir sentido, é a atenção.
“Gerir intencionalmente a nossa atenção é, como dizia o “Irmão Rafael” aprender a levar o pensamento pela mão.
Num mundo “sobrecarregado de distrações como nunca houve outro na história da humanidade” (Crys Bailey) a nossa atenção é facilmente raptada, deixando-nos demasiado ocupados, dispersos e pouco produtivos.
Aprender a focar o pensamento voluntariamente, dar-se conta do seu devaneio aleatório, reencaminhá-lo de volta, tirar partido do fluxo de ideias errantes que podem fecundar um raciocínio estreito, eis alguns dos traços que podem gerar um ritual de paciência, um abrigo para trabalho intenso e fonte de alegria nos nossos dias agitados.
A Atenção revela a sua importância inestimável quando começa a viver-se como o projeto de uma intenção para lá do seu uso utilitário: mero funcionamento passivo da mente em que cumprimos hábitos de modo automático.
Alguns hábitos – e suas tarefas adjacentes – podem ser realizados simultaneamente em combinações estratégicas (“multitasking”), para rentabilizar o horário nobre do nosso tempo útil, constantemente ameaçado por urgências aparentes.
Esta ocupação múltipla deixa ainda espaço livre de atenção onde a mente devaneia de modo indefinido ou aberto à invenção, se treinarmos como captar as ideias insólitas que gravitam na periferia da consciência.
Mas as tarefas complexas, como o estudo dos nossos Alunos, uma atividade mais personalizada, o exercício de uma Arte, uma manufactura artesanal, uma reflexão ou uma construção de conhecimento convocam todo o espaço de atenção disponível e só encontram o seu meio vital em concentração profunda.
Este estado especial de atenção, a que o autor chama “Hiperfoco”, que se desenvolve e fortalece com intenção deliberada e treino regular, permite tornamo-nos “mais produtivos, mais criativos e mais felizes”.
O esforço exigido para gerir deliberadamente a nossa atenção é compensador, pois nos oferece um sentido de realização pessoal com o qual a distração mais sedutora não consegue concorrer.
*J Cerqueira Gonçalves, Itinerâncias de Escrita, Vol II, pag. 438
Fontes: “Hyperfocus“ Autor: Chris Bailey; Vídeo de Apresentação do livro Vídeos do Autor
OE