O Canto dos Toribas

jovem contemplando o céu estrelado

     Photo by Greg Rakozy on Unsplash

     Master tinha cabeça e corpo de lince, asas de águia e patas de chita. Geralmente estava a voar, mas quando vinha para terra, as suas patas transformavam-se em patas de ganso, para aterrar na água, ao pé  de terra.

      Ele morava numa Floresta antiga, onde todos os animais ainda conheciam a linguagem das diversas espécies e as próprias árvores pareciam transmitir mensagens, aproveitando a música do vento ressoando por entre os seus ramos.

     De noite havia silêncio: não uma simples ausência de ruído, pois num habitat vivo há sempre sinais de movimento; era antes um silêncio espesso, que parecia descer diretamente das estrelas e aconchegava todos os seres vivos da Floresta como num manto protetor.

    O sonho de Master era era um dia encontrar um Planeta novo ainda por descobrir onde vivessem Toribas como ele. Mas era muito pequeno para poder ver os planetas que giravam à volta da Floresta.

    Master também tinha propriedades nunca ouvidas: cantava à noite, para chamar alguém que estivesse perto, mas o seu objetivo era encontrar os pais, que lhe tinham dado poderes, tais como, cantar para se ouvir ao longe, localizar humanos para não o descobrirem e tele-transportar-se por todo o Universo.

           Com o seu melhor amigo, ficava horas e horas a cantar, à procura dos Pais que ele tinha perdido em pequenino.

      Como ele tinha perdido os pais quando era muito novo, não sabia bem como utilizar os seus poderes.  Para sobreviver, precisava de comer peixe e javali, mas como não conseguia pescar, teve de pedir aos crocodilos que lhe diziam “-Bom Dia” cada vez que ele aterrava perto de terra.

      Master passeava sempre com o seu melhor amigo crocodilo, por essas noites claras,  fascinado pelos planetas longínquos que brilhavam lá no alto. 

     – Parecem inacessíveis, não achas? – perguntava o amigo deslumbrado. 

     – Nem tanto… – respondia Master num tom sonhador. 

     – Deve haver uma maneira de alcançar esses reinos de luz. Oh, que bela aventura seria visitá-los!                     

       O grande amigo de Master tentava tudo, com ele, para recuperar os seus poderes. Todos os dias treinavam os poderes, mas não conseguiam.

      Houve um dia em que Master sugeriu:

        – E se nós fecharmos os olhos, dermos as mãos e pensarmos como é que tudo isto aconteceu aqui entre nós?

      Eles assim fizeram, pensaram e chegaram à conclusão de que era a Amizade e gritaram ao mesmo tempo: 

      – É a Amizade!

        Assim, Master e o amigo conseguiram realizar os poderes e não só, o amigo também ficou com eles. 

      Então, no dia seguinte, prepararam as malas com comida e champô e partiram para um planeta chamado “Maravilhas” – pois tinham ouvido falar que lá aconteciam maravilhas.  E que havia uma imensa floresta com várias espécies de animais nunca vistos.

     Já com os seus poderes e com o seu amigo, o Master teletransportou-se a si e ao amigo para o espaço, à procura dum Planeta muito verde.

     Eles foram à noite, a cantar, mas desta vez cantavam mais alto e então, mais animais vinham com eles. Passaram duas noites e chegaram ao Planeta. 

      Viram que era todo coberto de árvores verdejantes, altíssimas, onde moravam seres da mesma espécie de Master.  Aproximaram-se, voando, do lago miosótis e prepararam as patas de ganso para aterrar. 

     Mas ele não encontrava os Pais. Na terceira noite, eles estavam a cantar tão alto, com tanta esperança, que, passados 7 minutos, apareceram animais Toribas, da mesma espécie do Master.

      Master viu dois Toribas iguais a ele que repararam nele também. Então, Master ficou tão surpreendido que nem se conseguia mexer:

     – Pais!

    – Master!

    E adotaram o amigo, passando a viver no Planeta “Maravilhas”.

CA7A AF7D e OE