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Tal como o meu colega disse ao apresentar este livro de Florbela Espanca, eu também sou uma pessoa que não consegue ver tudo perdido.
A Autora vê a vida de uma forma impressionantemente negativa, mas não faz disso uma queixa, mesmo sendo ela justificada.
Para mim, a vida não lhe correu nada bem e ela continuou a esforçar-se até que realizou que não ia encontrar um sentido de felicidade. Como não encontrou a felicidade cá, foi ver o que encontrava “lá”.
Florbela Espanca nasceu e morreu a 8 de Dezembro, suicidando-se aos 35 anos, após 3 casamentos em que não encontrou a felicidade.
A sua obra poética é marcada pela exaltação passional, tal como a de António Nobre e Sá Carneiro, por exemplo.
O primeiro soneto apresenta o seu próprio livro como um repositório de vivências profundamente tristes que a autora deseja partilhar com todos aqueles a quem a vida transformou pelo sofrimento.
A Poetisa interpela os seus leitores, considera-os como formando uma fraternidade de seres sofredores que podem encontrar, nos seus poemas, refrigério e conforto para a sua própria dor.
“Este livro é para vós, abençoados, os que o sentirem, sem ser bom, nem belo!”
No poema “Neurastenia”, entrelaça a sua íntima vivência de sofrimento e dor com os elementos da paisagem, que a tornam de certo modo hostil, mas espelhando fielmente o que a própria escritora sente.
A chuva, o vento e a neve personificam toda a amargura e miséria espiritual que a poetisa sofre.
MF11