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I
A 26 de Julho, a nossa Professora de Educação Positiva Helena Marujo, em conjunto com Ana Serrão, investigadora em diversas áreas da Psicologia Positiva e responsável pela Cátedra da Unesco em Portugal, tiveram a gentileza de nos convidar para um Zoom patrocinado pela “Cátedra da Unesco para a Paz Global e Desenvolvimento Sustentável”, onde uma jovem doutoranda, Ana Poças Ribeiro, tinha sido convidada para nos falar sobre o atraente e enigmático conceito de “Decrescimento”.
Este convite, que o Grupo de Educação Positiva aceitou com entusiasmo, não foi fortuito, mas, segundo a própria Prof. Helena, obedece a todo um projeto de “criar sinergias entre “Educação Positiva”, “Felicidade e Bem-Estar”, “Sustentabilidade e Paz Global”, todos eles viveiros de ideias e ações que se entrefecundam e onde germinam os “Projetos de novos Modelos Económicos”.
Ana Poças introduziu este conceito central como “um modelo a olhar e a atender, porque os nossos recursos são limitados. Nem sempre é o inverso do crescimento, mas também não é o não crescimento.”
Convidando-nos a inscrever-nos no site Decrescimento.pt apresentou a metáfora que nos aproxima do conceito: “Um rio que transbordou e que regressa à sua forma original.”
No Diagrama que revela a área crítica de interseção entre Economia, Sociedade e Ambiente torna-se manifesta a centralidade e a urgência que afetam este tema delicado.
Segundo Ana Poças, O Conceito de “Decrescimento inclui uma crítica do Crescimento, a oferta de Alternativas ao Consumo, formas criativas de Reduzir o Consumo e “Agência”, isto é, o que podemos fazer de concreto, individualmente, em Instituições e em comunidades.
Ilustrou o caráter urgente da situação vivida por todos nós com uma imagem sobre a Crise Climática: como tem subido a temperatura desde 1850 a 2017.
Em seguida recordou a extensão da Crise Ecológica: “Estamos no início da 6ª extinção em massa das espécies; 90% dos Peixes estão em perigo; em 2050 haverá mais plástico do que peixes.”
“Os combustíveis fósseis formaram-se por processos naturais ao longo de milhões de anos; agora queimamo-los em poucas centenas de anos.”
“Segundo o Acordo de Paris, em 2018, para limitar a 1,5º o aumento de temperatura, será preciso cortar quase completamente com os combustíveis fósseis”, apesar da dificuldade que representa o compromisso dos bancos mundiais, com seus investimentos profundos neste campo minado, ao mesmo tempo que tentam acelerar o investimento em energias alternativas.
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E “Embora desde os anos 80 tenhamos essa noção, continua a aumentar o uso de carvão e de petróleo. Quem gasta mais? EU e US – gastam mais de 60%; a Ásia também gasta muito; a África – gasta muito pouco.”
“1% das pessoas causa metade dos gases dos voos. 80% da População nunca andou de avião.”
Os mais ricos são os mais poluidores: “há que mudar Estilos de Vida” – eis um dos conceitos centrais em torno de “O Decrescimento”.
Também segundo esta abordagem da realidade que nós, seres humanos, criámos, o ideal de um “Crescimento perpétuo é um Erro”, pois “quanto mais aumenta o PIB, mais aumentam os materiais gastos; quanto mais aumenta o PIB, mais aumenta a hiper-competição e o individualismo.”
Ora, podemos hoje constatar cientificamente, através dos estudos lançados a nível mundial pela Psicologia Positiva, que “estes aumentos não são acompanhado por melhoria do Bem Estar da vida humana.”
“Os 2153 bilionários do mundo possuem mais riqueza que 4,6 biliões ou 60% da População mundial.”
Apesar desta extraordinária desigualdade de distribuição de recursos, a “Recessão” não é o “Decrescimento”; estamos como numa “bicicleta que não pode parar”.
“Se reduzirmos o consumo, não podemos aumentar o PIB, no entanto há países onde o PIB per capita é inferior aos dos EUA, mas com maior Esperança de Vida.”
Assim, “O que está no cerne das crises é o Sistema Económico.”O Decrescimento” pretende diminuir “a produção e o consumo e, ao mesmo tempo, melhorar a qualidade de vida“.
Estamos, pois, perante uma tríplice e incontornável ligação: “Democratização – Sustentabilidade Ecológica – Redistribuição e Solidariedade“.
Veremos, na II parte, como encontrar as vias concretas de acesso às Alternativas desafiadoras que a hipótese plausível e fundamentada do “Decrescimento”, aqui representada na intervenção da Ana Poças, nos propõe.
Bibliografia indicada:
Donella Meadows – “Os Limites do Crescimento”
“Limites ao Crescimento, Porque não?”
Fim da I Parte