A Princesa das 3 Maravilhas

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     Era uma vez um ser imaginário, muito feminino, que voava e só queria ser real. 

     Ela tinha um refúgio secreto dentro de uma nuvem que nunca chovia. Viajava pelo mundo inteiro ao sabor do vento, mas não podia baixar até ao chão da Terra, porque não tinha densidade.

     Conhecia muito bem a linguagem dos pássaros migrantes, como as andorinhas e os gansos selvagens, mas o que lhe interessava acima de tudo era aprender a língua dos humanos.

    Ela pensava: “- Se eu fosse real, eu era como uma Princesa, só gostava de usar acessórios rosa, uma coroa e de viver num castelo. Eu teria uns cabelos loiros compridos e olhos azuis, eu queria ser uma pessoa com muita alegria e muita graça.”

    Nesse castelo, ela plantaria um jardim maravilhoso onde as flores se empurravam para a ver passar. Ela teria aí um banquinho cor de rosa sobre o qual a nuvem amiga viria pairar dando-lhe sombra sem nunca chover.

    Também sonhava em galopar num cavalo branco no bosque do castelo, seguida pelos ventos que antes faziam viajar a sua nuvem.

     No dia do seu aniversário estava muito contente, mas, sem ela saber, houve uma fada que apareceu e disse:   

     – Já ouvi dizer que gostavas de ser uma Princesa. Mas só se fizeres estas três maravilhas:       

      1 – Tens que trazer uma maçã dourada que cresce nas montanhas para curar um menino doente.

      2 – Tens que tirar 3 pétalas de uma flor que só nasce ao pé de uma cascata distante e transmite o dom da Alegria.

     3 – Tens de ouvir as vozes dos ursinhos carinhosos e aprender com eles a falar.

     Depois de muitas tentativas, ela conseguiu fazer tudo. A Fada abriu um portal mágico: ela foi na sua nuvem até ao pé do chão, para ouvir as vozes das pessoas e ver como iria ser na vida da Princesa.

     Passado um tempo, ela transformou-se em Princesa: ela estava como tinha imaginado. Chegou ao castelo e começou a chorar de tanta alegria.

     Entrou num salão e descobriu uma Família muito grande, que não gostava de divertir-se, mas a Princesa pôs o dom da Alegria e ficaram muito contentes. 

Contos de Fantasia – Texto a 2 Mãos CG6B e OE

 

Os Pássaros Azuis e a Bola de Fogo

dois ovos azuis no ninho

     Photo by Landon Martin on Unsplash

     Logo ao amanhecer, no início da Primavera, os pequenos ovos estremeciam no seu ninho fofo.

     A Mãe estava deslumbrada e esperava, com impaciência, que as estreitas fendas se alargassem, dando aqui e ali, suaves bicadas, nas cascas sarapintadas.

     Por fim nasceram! E, no preciso instante em que as três cabecinhas azuis se esticaram para fora dos seus ovos quebrados, lá longe,  no horizonte rosado, a maravilha do Sol inundou o horizonte com a sua luz vivíssima.

      A Mãe saudou os seus filhinhos recém-nascidos com um trinado maravilhoso e eles voltaram as cabecinhas penugentas para ela.

    Abriam os bicos pequeninos, a imitá-la, descobrindo, pela primeira vez, que podiam ouvir e criar sons.

      Na sua intuição, ela entendeu que a saudavam com alegria e que estavam espantados com aquele irmão distante, a Bola de Fogo que nascera ao mesmo tempo. 

Com CC8B e MS8B, Partilha de Inspirações – OE

A Menina que Adorava Escrever

menina no jardim que caminha para uma árvore

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    Ela era ainda muito pequenina, mas tinha quase a certeza que ia ser escritora. 

     Assim que aprendeu a juntar as letras, desatou a garatujar os cadernos azuis que a irmã mais velha lhe fazia, amarrando folhas brancas, onde abria uns buraquinhos redondos.

     As capas eram o que ela mais apreciava: eram de um cartão azul-clarinho, com uma textura rugosa, que ela acariciava por um momento sempre que ia escrever.

     Às vezes, as histórias saltavam-lhe da mente com tanta rapidez que mal as conseguia apanhar com a ponta da caneta.

     Seguia o rasto esfuziante da sua imaginação com um esforço heróico dos seus dedos pequeninos, agarrando a caneta ao de leve para rabiscar mais rápido. 

     Em vão: saltitantes, com pequenas gargalhadas atrevidas, as histórias recém concebidas escapavam-se no vazio da sua própria fantasia.

     Outras vezes, a menina ficava muito tempo a pensar no que poderia escrever: sentada na mesa do seu quarto, olhava pela janela e perdia-se a contemplar a suavidade da luz que inundava o jardim.

     Apreciava o tronco da sua árvore favorita, a mais antiga, cujo nome o avô pronunciava devagarinho, em Latim, quando passeavam de mão dada, ao escurecer, antes da Mãe os chamar para jantar.

     Nesses momentos, a Menina que adorava escrever expressava muito pouco em palavras a misteriosa densidade da vida que os seus sentidos abertos captavam.

     Com efeito, o acontecimento tão simples de saborear a Natureza viva, ao fim do dia, na companhia carinhosa do Avô, revelava-se à pureza da sua infância como uma nascente de sentido sempre novo.

     E a Menina que adorava escrever pressentia, como quem ouve ao longe uma música desconhecida, que um pedacinho da realidade, assim vivida, escondia em si uma beleza infinita.

     Então interrogava-se se, um dia, seria capaz de transportar em palavras a carga preciosa da sua descoberta, a maravilha que assim se derramava, tão discretamente, num momento de ternura partilhada.

Com AF7B e CA7A – Partilha de Inspirações – OE

A Gruta Secreta

rapaz explorando caverna imensa com uma simples tocha

   Photo by Jeremy Bishop on Unsplash

     Luí era um ser imaginário, com poderes fascinantes, que vivia numa Floresta Encantada, rodeado de amigos fiéis.

     Luí era muito alto e magro; o seu cabelo era louro como o sol, os olhos castanhos como as folhas de Outono. E o seu maior sonho era vir a ser um belo aventureiro como a sua Família. 

     A Floresta era espessa mas salpicada de clareiras. As copas das árvores permaneciam verdejantes todo o ano, e deixavam passar uma luz alegre que inundava os trilhos estreitinhos, onde cresciam  violetas bravas.

     Todos os animais colaboravam para o desenvolvimento daquele habitat singular.

     Havia esconderijos que pareciam tocas de raposa e que comunicavam uns com os outros através de túneis cuidadosamente escavados por toupeiras.

       No lago, os castores erguiam diques precisamente onde desaguavam os ribeiros que nasciam no coração da floresta.

        Um dia, um beija-flor foi falar com o Luí e disse-lhe que, na floresta, havia um tesouro. Como é que ele soube o que o pássaro disse? O Luí tinha o poder de falar  com os animais. Então foi logo a correr para a Floresta…

     Luí convocou uma assembleia de emergência na clareira central; acorreram todos: o chefe dos veados, com a sua manada de gazelas; o guia da alcateia com os seus lobos cinzentos; a velha raposa, com as mais jovens e suas crias; as lebres saltitantes; as perdizes esvoaçando; os esquilos aos saltos.

     Luí explicou aos amigos a extraordinária notícia do Colibri e pediu que todos agissem como batedores, palmilhando a floresta em busca da Gruta secreta. 

      A Gruta ficava numa pequena colina entre os carvalhos. Dos seus ramos retorcidos pendiam heras sempre verdes do lado em que o sol batia, mas uma capa de musgo cobria os troncos do lado mais sombrio.

    Mal se percebia a entrada, entre as raízes dos carvalhos, mas elas formavam logo um túnel que se alargava e descia quase a pique para as entranhas da Terra.

      Durante semanas, nenhum ser vivo teve sossego, até que encontraram o tesouro.

    Mas havia um problema: como iam levar aquela enorme riqueza e como iam gastar o dinheiro da venda de tanta preciosidade?

     Então chamaram os javalis e os veados para transportarem o tesouro até às portas da cidade, em carroças rústicas, feitas de troncos da Floresta.

      E já sabiam onde gastar o dinheiro do lucro: num Instituto de Caridade que estava a ser construído – AFE – Associação da Floresta Encantada.

Texto construído em comum além de ser a Duas Mãos.

AV6A e OE

O Crocodilo Estudioso

crocodilo sorridente

   Pixabay Atribuição CC0

      Havia um crocodilo chamado Fluffy. Ele tinha escamas verdes e duras, os dentes muito afiados e um olhar que metia medo a toda a gente. Um dos seus maiores sonhos era ir para a Universidade, a fim de aumentar a sua inteligência e experimentar novas e diversas realidades.

    Fluffy vivia numa ilha exótica, rodeada por um mar de esmeralda, onde os dias se alongavam até o sol traçar um sulco dourado no horizonte.

     Os amigos de Fluffy não lhe davam descanso: os macacos peludos pregavam-lhe partidas todo o dia: atavam-lhe latas à cauda ou atiravam-lhe cascas de manga para a boca ,sempre que o apanhavam a dormir ao Sol com a bocarra escancarada.

     Os Tucanos de bico alaranjado deliciavam-se a catar pequenos insetos por entre as suas escamas, quando ele boiava, de manhã, no riacho da ilha.

     Porém, o perigo fatal que a todos ameaçava, era a presença de caçadores furtivos que infestavam a ilha.

     Eles moravam a bordo de um barco pirata que estava atracado ao largo da ilha.

     Fugiam sempre para lá depois de armar emboscadas e os animais não se conseguiam defender.

     Porém, um dos caçadores, o Roberto, acabou por sucumbir ao encanto da Floresta tropical que cobria toda a ilha. 

      O seu coração começou a pulsar ao ritmo da Natureza e encheu-se de amor pelos animais. 

       Entretanto, Fluffy nunca chegou a realizar o seu sonho pois não tinha notas nem dinheiro para isso. 

     Mas o barco pirata acabou por tornar-se numa escola flutuante: os piratas caçadores tornaram-se vegetarianos e passaram a dedicar-se a compreender as mensagens com que os animais comunicavam entre si.

     O crocodilo entrou em depressão. O caçador Roberto foi ajudá-lo, pagando-lhe aulas particulares de Matemática e de Surf.

PC7B e OE

O Valor do Trabalho

   Lápis e fundo azul

  Image par Larisa Koshkina de Pixabay 

     Qual é o valor do trabalho na nossa vida? 

    Em qualquer situação, o trabalho pode ser apenas vivido como um instrumento de subsistência, como condição necessária de autonomia, não sendo fonte de sentido por si mesmo.  

     O trabalho pode, por vezes, parecer resumir-se a um conjunto de etapas a superar, escalões sucessivos em que se amplia a responsabilidade, afinal uma forma de nos expressarmos. O seu sentido fica subordinado a um horizonte limitado que ainda é exterior à pessoa humana.

     Há situações em que o trabalho é vivido como um “apelo”; este  pode ser entendido como uma tendência natural que procura expressar-se; também pode ser entendido como uma necessidade exterior a nós, que nos interpela, e a que correspondemos por sentido de dever moral ou de destino incontornável. 

     Finalmente, também há situações em que o trabalho se torna o meio vital de realização pessoal; só neste caso gera sentido livre, isto é, que vale por si mesmo e progride rumo a um horizonte incondicionado, que transcende os interesse limitados do indivíduo, mas por isso mesmo permite uma realização genuína.

OE

O Tesouro dos Pobres

pastores que vão para o Presépio

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     Tarde de 24. Terão chegado já ao Presépio?

     Quando souberam, subitamente, que não havia lugar para eles na estalagem?

     Quando é que o mundo decidiu que eles estavam a mais?

     Mas a própria Natureza se encarregou de os abrigar: uma gruta, alguma palha, dois animais. Pois era um Nascimento iminente. E toda a Criação não “geme com dores de parto”?

     E os pobres? Os pobres acudiram. Talvez eles próprios lhes tenham indicado o caminho para o abrigo.

     Depois voltaram,  a partilhar alimento e agasalho para confortar os pais e proteger o Recém-Nascido.

      Talvez, entre eles estivesse uma mulher que, muitos anos depois daquela Noite singular, já viúva e exausta,  deitou a sua última moeda entre as oferendas do Templo.

      Os pobres nunca falham.

OE

Escutar a Família – III

ursinho na árvore de Natal
                                                             Max Pixel Atribuição CC0 Public Domain

         Escutar a Família é…

     Ajudar nos momentos mais tristes. Brincar muito com os meus cães, porque eles são muito brincalhões.

     E eu também estou normalmente com os animais pois ajudo os meus Pais a tratar deles.

     O Natal reúne todos os seres vivos numa harmonia especial: escutar a Família inclui também esta atenção dos animais que são nossos amigos fiéis.

     No dia a dia, quando nos magoamos, se estamos ao lado dos nossos cães, eles dão-nos muitas lambidelas e começamos a ficar de novo cheios de alegria.

      Nos meus projetos de Natal está ajudar em casa:vou enfeitar a casa dos Pais e a da Avó; vou pôr a mesa, ajudar a fazer as sobremesas, às vezes até o prato principal, que é bacalhau espiritual.  Aprendi escutando-os.

      E ajudá-los é escutar, ir ao  encontro do que eles precisam.

Texto a 3 Mãos: AV6A, ZG6B e OE

Escutar a Família – II

coração num ramo de árvore de natal
                                                            Max Pixel Atribuição CC0

     Escutar os outros é muito bom, mas escutar a Família é maravilhoso.

     Podemos fazer a surpresa de oferecer um pequeno pacote de perguntas a cada pessoa da Família e oferecê-lo embrulhadinho com um grande laço!

     Estarmos todos em Grupo é magnífico, porque estamos em conjunto a perguntar e, ao mesmo tempo, estamos a escutar como se fosse uma Notícia a passar entre nós.

    A Notícia de Natal é sabermos da nossa Família: festejar é conversar com cada um.

     Risos e canções: há magia no ar, a estrela brilha na árvore e uma Esperança Viva brilha nos olhos de todos.

Texto a 3 mãos: ZG6B, AV6A e OE

A Fonte da Liberdade

 Imaculada Conceição de Murillo
Wikimedia Commons – Murillo  – A Imaculada Conceição Public Domain

     Uma alegria diferente sobe no espaço feliz que se abriu, para nossa surpresa, no mais íntimo.   

         Mais que o antigo sonho da Humanidade ter sido finalmente realizado, a fonte do espanto nasce da nota original com que Deus o consumou e superou, realizando, antes, o Seu próprio sonho.   

          A Imaculada Conceição de Maria inaugura Outro Universo dentro do Antigo onde vivemos e que o atrai para si.   

          Por isso os povos contemplam esta Luz de Aurora que tingiu a expectativa dos Séculos passados e futuros com um timbre de Esperança totalmente novo.       

       Assim, confluimos Hoje, com as gerações do Passado e do Futuro, para o Momento único onde se abre a fonte da Liberdade.                                                                                                                                                                                                                                              OE

Escutando o Coração

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Atribuição: CC2.0 Autor: Michael Coghlan imagem: Flickr

     Recordar é trazer ao coração, é viver de novo, mas recriando o que aconteceu e ainda retocando-o de gratidão, mesmo se foi um momento sofrido.

    Recordar é abraçar algo que já conhecemos, mas que agora chega como uma notícia fresca  e refletida, na distância do tempo que se abriu.

    Tantos desafios nos desfiaram a túnica da alma, nos revestiram de uma coragem que não conhecíamos e por vezes nos deixaram à míngua de luz, inventando um rumo para o passo seguinte.

     Voltamos uma e outra vez ao tesouro de um perdão sempre vivo para nos presentearmos mutuamente: é assim que podemos escalar o abismo do fracasso, e ainda, sentando-nos lá no alto, com as pernas balançando no vazio, brindamos ao futuro, com seus desafios sempre novos, tornando-os bem-vindos desde já.

Oficina de Escrita