A Rainha de Inglaterra, sobretudo para os mais velhos, faz parte da nossa história e até da nossa vida, uma vez que nos acompanhou, praticamente desde sempre – foi coroada em 1953, aos 27 anos – e que ocupa um lugar de admiração e afeto no coração de incontáveis pessoas, superando em muito as fronteiras do seu país e da comunidade alargada de países irmãos.
Em que consiste a atração, ao mesmo tempo suave e poderosa, que nos torna próxima e grata a sua pessoa?
Certamente no próprio cargo de rainha, que desempenhou durante 70 anos – o mais longo reinado de um monarca na Europa – e que vem aureolado do brilho misterioso de um mundo antigo que lança raízes profundas na história e opera como um talismã.
Mesmo na ausência das funções de governação, o exercício da realeza coroando o edifício de uma sociedade bem organizada remete-nos tanto para tempos épicos, que a nossa imaginação preenche com feitos heróicos, como para a lealdade aos valores de que aquelas ações corajosas davam testemunho.
A pessoa da Rainha vai deixar-se conhecer no jogo entre duas instâncias saturadas de emoção: é a riqueza da sua própria personalidade que vai dar vida a essa função suprema mediante um empenho total; rodeada por uma aura de ser inacessível, terá de guiar-se pela exigência ética da conduta exemplar que se espera daqueles que são coroados em nome de um ideal de humanidade.
Dos seus discursos mais conhecidos escolhemos aqui algumas palavras, que a vida se prontificou a validar como autênticas, e que, por isso, continuam hoje a tocar os seus destinatários, que se vão multiplicando ao longo do tempo e que vão formando a multidão daqueles que a amam.
21 anos – 1947
“Declaro diante de todos vós que a minha vida inteira, seja longa ou breve, será dedicada ao vosso serviço e ao serviço da nossa grande família imperial a que pertenço.”
27 anos – Coroação – 1953
“Agora que este dia chega ao fim, sei que a minha memória dele não será apenas a da solenidade e da beleza da cerimónia, mas a inspiração da vossa lealdade e afeto. Agradeço-vos com um coração transbordante.”
31 anos – 1º discurso de Natal – 1957
“Não posso conduzir-vos numa batalha, não faço leis nem administro a justiça, mas posso fazer outra coisa. Posso oferecer o meu coração e a minha dedicação total a estas antigas ilhas e a todos os povos da nossa fraternidade de nações.”
66 anos – 1992 – “O Ano Horrível”
“A Crítica é boa para as pessoas e as instituições que fazem parte da vida pública. Nenhuma instituição deveria esperar ficar livre do escrutínio daqueles que lhe oferecem a sua lealdade e o seu apoio […] Mas todos nós somos feitos com o mesmo tecido da nossa sociedade nacional, de modo que a eficácia desse escrutínio depende de ele ser feito com um toque de gentileza, bom humor e compreensão.”
Fevereiro de 2022 – Jubileu dos 70 anos de Rainha – 96 anos
“Continuo a ser inspirada pela boa vontade que me demonstram. Espero que os próximos dias tragam a oportunidade de refletir sobre tudo o que foi realizado durante os últimos 70 anos, à medida que olhamos para o futuro com confiança e entusiasmo.”
Extraído de Washington Post ,em tradução livre
A figura feminina no lugar da realeza também não deixa de evocar vivências da nossa própria infância, onde as histórias de princesas vinham encantar a hora de adormecer.
Assim, a Rainha também pertence um pouco ao domínio das lendas infantis, nesse à vontade desconcertante e misterioso com que as crianças lidam com o sublime e o sobrenatural.
É por demais conhecido o humor subtil e espontâneo da Rainha, que transformou tantas ocasiões eventualmente triviais ou embaraçosas em momentos de delicioso divertimento. É neste contexto que se integra a história da sua amizade com o ursinho Paddington. Dela deixamos aqui, como recordação, o inefável encontro da Rainha com a sua personagem amiga, na ocasião convidada para tomar um chá, com sua Majestade, no palácio de Buckingham.
A Vida – Exemplos que Iluminam – Agenda 22-23 – OE