No Paraíso de Vale de Vargo

brasão

      Meu irmão e eu vamos ficar separados: os meus pais acham que é bom; ele vai duas semanas ao Alentejo e depois trocamos.

    No Alentejo dou passeios de bicicleta; vamos de bicicleta pelos caminhos de uns terrenos, com oliveiras, que são do meu avô.

    À noite vejo netflix e com a minha avó também vejo filmes, é muito melhor ver filmes em família. Comemos Gaspacho e açorda à Alentejana!

    O meu outro avô, lá na sua pequenina aldeia pouco conhecida, tem “a baixa”, com um banco onde os homens se reúnem para conversar. Vou a pé entre as duas casas dos meus avós.

     Nos meus avós paternos é que existe um terreno gigante, só tem uma galinha pois o meu cão comeu-as. Cultivam nêsperas, tomate, fruta e legumes.

    O meu avô materno, o avô das olivieiras, tem um limoeiro e  ainda lhe pôs uma pernada de tangerineira e agora a árvore dá limões e tangerinas! Ele tem também uma pequena oliveira que tem o tronco todo entrançado.

   O meu cão é um pastor Alemão e teve de ir viver com o meu avô paterno por ser muito grande. Quando estamos de férias e vamos lá, ele conhece o barulho do carro, empina-se no portão assim que nos ouve. Aquele cão come tudo, empina-se à árvore que é uma nespereira e come nêsperas. Come nozes, quando eu lhas parto. Não pode sair do quintal pois ataca outros cães.

    Se passa um cão na rua ele vai logo ao portão e ladra, ladra, ladra até o cão desaparecer. A minha avó é que o vai acalmar. Mas com as pessoas é simpático.

     A vida na aldeia é mais calma, algumas pessoas trabalham muito, o meu avô acorda às seis da manhã e passa o dia todo no quintal. Os dois avós passam lá o dia todo, têm sempre muito que fazer lá fora.

     Uma vez, nós, lá no quintal, apanhamos um piriquito que andava à solta. Pusemos numa gaiola durante uns dias, e o meu avô disse:  – Coitado do Animal! – E soltou-o. O Piriquito não saía de lá, ficava sempre no jardim. Porque sabia que na gaiola havia sempre comida, então entrava e saía pela porta aberta.

   Todos os dias, ele estava do lado dos cães; há um terreno com terra lavrada, depois um terreno separado por muro onde estão os cães. O piriquito estava do lado dos cães, e todos os dias ia comer dentro da gaiola.

    O pastor alemão – o Jaguar –  dá-se bem com os outros cães: o Terréu, – este nome é porque os pais do meu avô tinham um cão chamado assim; há um muito velhinho que é surdo, é pequenino; e no nosso lado, temos ainda uma fêmea, pequenina, muito minha amiga: tem muito pelo e é amarelado, chama-se “Minie” .

     Havia ainda um labrador que morreu, porque um carro lhe bateu e desde aí ficou mal; o meu pai e o meu avô não me deixavam tocar nele.

    Os meus primos que vivem em França também vão lá, pois têm lá a sua avó que é a irmã do meu avô paterno. Encontramo-nos numa parte do verão, porque lá em França as férias são diferentes.

Conversas na Oficina  – AS6C