Olhar +: Uma Visão Especial

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    Escreve uma pequena história: 

   1. A história é sobre uma personagem que tem uma visão especial. Ela pode  ver o futuro, o passado, ou mundos que outros não podem ver.

 2.1. Como é que a personagem usa a sua visão para ajudar os outros?

2.2. Ou, em alternativa: como é que essa visão especial torna a personagem numa pessoa solitária?

 

Conto de Fantasia sugerido e criado por Bard                             com a colaboração de OE

Olhar +: Observar – Um Jogo de Observação

 

      Um Jogo de Observação: 

     1 –  Pedir aos Alunos que formem pares e se sentem um em frente ao outro.

    2 –  Depois, pedir aos Alunos que cada um observe o seu par por alguns segundos.

    2.1 – Tentem memorizar as características físicas dele, como: cor dos olhos, cabelo, roupa, acessórios.

     2.2. – Em seguida, cada Aluno vira-se de costas para o seu par; cada um faz algumas mudanças na sua aparência, como, por exemplo:  tirar um brinco, desabotoar um botão, soltar o cabelo, colocar uma fita de outra cor… 

     2.3. Finalmente, cada Aluno volta a virar-se de novo para o seu par   e tenta descobrir o que mudou nele.

     Essa atividade pode ajudar a desenvolver a observação, a percepção e a comunicação dos alunos. 

Artigo sugerido e criado por Bing  AI da Microsoft com a colaboração de OE

Olhar +: “Mindfulness”

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     Exercícios de “Mindfulness”:

     1. Fazer breves momentos de meditação ou práticas de mindfulness focadas na visão. 

     2. Por exemplo, os Alunos olham para as nuvens, ou para o céu noturno, ou para as ondas numa superfície líquida, ou para o tronco rugoso de uma árvore.

    3. À medida que os pensamentos vão surgindo nas suas mentes, ajudem-nos a voltar tranquilamente para os detalhes visuais.

   4. Podem terminar escrevendo uma frase sobre a sua experiência, que será partilhada entre os participantes.

     Este exercício promove a capacidade de os Alunos estarem inteiramente presentes no momento e fazer a descoberta de pormenores mínimos.  

Autor:  Claude AI com a colaboração de OE

Assistente pessoal IA desenvolvido pela organização de pesquisa Anthropic  que treina sistemas de IA solícitos, honestos e inofensivos.

Escrever, assim, Entre Nós

     

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     Escrever, assim, entre amigos, como num clube mágico em que fosse livre entrar e sair, e pousássemos, por um instante, o coração.

    Escrever livremente, quase sem pensar, mas atentos ao que, lá dentro, no mais secreto, se perfila, toma vulto e quer surgir. Como um sol pequenino que ainda não soubesse nascer,  E mal adivinhasse que, com a sua ousadia, a luz iria espalhar vida e cor até aos confins do ser.

       Escrever, sem visar um fim que se possa prever, mas abertos à surpresa do que ainda não foi imaginado e, espera, impaciente, por ganhar um movimento de dança, um perfume, uma forma de ser abraçado e ficar, como amigo, entre nós.

Com J6A – Partilha de Inspirações – OE

Natureza – Mensagem do Poente

Cadescrita

     Natureza é nossa “Mãe”, um habitat imprescindível para milhões de vidas e que também as inclui como suas; uma imensa fraternidade de seres vivos sobre uma única terra e sob um único céu.

    O Poente fala ao coração humano de gratidão e de um novo alento para o dia seguinte. Ele é, ao mesmo tempo, um fim e uma promessa.

    O Poente, ao mesmo tempo que avisa o fim dos trabalhos do dia e, por isso, nos apazigua, também leva consigo para lá do horizonte, a doçura ou a aspereza do que foi vivido, inspirando assim a saudade incurável de um Futuro pleno.

Pequenas Lembranças – com FV5C – Partilha de Inspirações – OE

O Tesouro da Música

B. Rainha 11º4 – CAD

     A Música é uma linguagem próxima da Matemática, embora pertença ao mistério das artes criativas, mas não pode refletir sobre si mesma sem recorrer à linguagem verbal.

     Isto acontece com todas as outras artes, exceto a Literatura, que é a Rainha entre os seus pares. 

    Mas o que é específico da música? Emoções transfiguradas em sons, talvez também ideias?

     Uma forma única de expressarmos o que podemos sentir na experiência de uma melodia? Como é que a música serve a nossa permanente busca e modelagem de significado?

     A música interpreta  texturas do vivido que as palavras não alcançam, mas faz vibrar cordas ocultas no mais profundo do ser. E aí desperta palavras que, sem a música, não se teriam libertado. 

Com GS6A – Partilha de Inspirações – OE

O Tesouro da Pintura

CAD – 10ºAno – 21-22

      Ao pintar, desenvolvemos o nosso sentido da beleza, estamos mais atentos ao que nos rodeia, e, por isso, sentimo-nos mais vivos, mais presentes ao momento que passa. 

     O ser humano, ao pintar, participa na obra da criação, é ele próprio um artista que celebra aquilo que existe.

   Não só a sua alma floresce, mas transmite felicidade aos outros que contemplam o que surgiu das suas mãos.

Com a MM6D – Partilha de Inspirações – OE

A Festa da Comunidade Educativa I – 28 de Abril 2023

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    Este ano de 2023, e sob o signo promissor de “A VIDA”, de novo a Festa da nossa Comunidade Educativa iluminou, num clarão de alegria invencível, o laborioso quotidiano da Escola, trazendo à superfície, a comunhão vital em que vamos crescendo, e deixando adivinhar, por um momento, as poderosas correntes de Vida que nos modelam, na profundidade, à semelhança dos ideais que nos propomos servir. 

   

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     O 2º Ciclo, na sua natural espontaneidade, triunfou, num vai vem de barraquinhas que vendia toda a espécie de delícias, generosamente elaboradas com a ajuda dos pais. O amplo viveiro de Famílias, em que se transformou  o recinto festivo,  foi repassado de música gloriosa, a cargo do nosso prof. Paulo.

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     O turbilhão festivo do convívio imparável foi ritmado pelos momentos emocionantes de Teatro em “playback”, reproduzindo alguns dos mais belos diálogos entre as famosas personagens de Charlie Mackesy, a que a arte inimitável da prof. Paula transmitiu forma e vida.

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    Ao lado, discreto no seu encanto de capela improvisada, decorria o leilão silencioso dos amigos improváveis, animais sorridentes em pares cordialmente unidos.

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     3º Ciclo e Secundário expuseram as suas leituras favoritas em criações tridimensionais: na sala azul, onde se podiam colher também “os frutos” da literatura, que pendiam de um estendal, os alunos mais velhos ofereceram momentos de humor e reflexão, representando diálogos entre Fernando Pessoa e os seus inseparáveis heterónimos. 

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     Entretanto, no recreio coberto, música e dança transfiguravam o entusiasmo de uma multidão compacta; decorriam experiências de outros mundos no laboratório; expunham-se magníficos trabalhos de pintura e outras técnicas criativas  na exposição das Artes; brilhavam bordados em filigrana na bancada das Irmãs; e o palco improvisado testemunhou, uma vez mais, a qualidade e o brio dos jovens compositores e intérpretes, onde  a voz dos Alunos foi a da própria VIDA.

     Chegou o fim da tarde numa brisa suave e um festival de árvores brancas veio envolver-nos a todos, no seu abraço dançante que proclamou a poesia e o empenho com que, no labor anónimo de cada dia, a nossa Comunidade celebra secreta e fielmente a VIDA.

Festa da Comunidade EducativaA VIDA 2023 – OE

A IA e o Futuro do Trabalho

Image par Tumisu de Pixabay 

     No seu livro, Mega Ameaças, Nuriel Roubini dedica o 8º Capítulo à eventual ameaça que a Inteligência Artificial pode representar para as sociedades humanas. Segundo o autor, uma tecnologia tornada autonomamente inteligente fará desaparecer a maioria dos empregos, substituindo-os graças à qualidade do seu desempenho, incomparável ao humano em rapidez e precisão.

   Os primeiros trabalhos a ser substituídos são os que se enquadram facilmente numa rotina repetitiva; em seguida, os trabalhos cognitivos, mas que possam  ser orientados por um conjunto de instruções distribuídas por etapas precisas, como acontece em grande parte de muitos dos  Serviços que a sociedade moderna oferece.  Finalmente, a IA será capaz, num futuro mais ou menos próximo, de substituir trabalhos especificamente humanos, que exigem criatividade.

     A ameaça consiste na disrupção que estas substituições podem trazer às economias de todos os países: enquanto uma pequena minoria aumentaria a sua riqueza já imensa, a maioria absoluta das populações perderia não só os seus trabalhos, mas ainda a dignidade e o sentido de realização a que eles dão vida.

     Esta desigualdade social trará, por um lado, uma falta crónica de emprego, que poderá levar a uma estagnação da procura. Com efeito, apesar de a IA aumentar a produtividade, a maioria desempregada deixará de consumir, enquanto a pequena maioria ainda mais enriquecida não terá onde investir o capital, pois não haverá impulso para o crescimento económico.

    A nova tecnologia precisa de muito capital, mas de muito pouca mão de obra. Assim, para a minoria que pode investir nas inovações, haverá cada vez mais lucro; mas para a maioria haverá baixas de salário, empregos tornados inúteis e falta de trabalho.

     Este perigo para o qual o autor nos alerta tem suscitado diferentes propostas, entre as quais a oferta de um RBU, ou rendimento básico universal, aliado a um PBU, ou o usufruto de Previdência básica universal, e ainda a possibilidade de cada cidadão participar nas ações das empresas automatizadas, tornando-se assim, também, detentor dos meios de produção.

      Em relação ao exercício de atividades capazes de dar aos seres humanos sentido de pertença e de realização, contam-se as que se referem a programação de computadores, gestão de bases de dados, aperfeiçoamento da própria IA, empreendedorismo, serviços de cuidados humanos e atividades artísticas.

Resumo de parte do Cap. 8 “Mega Ameaças” de Nuriel Roubini – OE

Que diz uma Ontologia da Manifestação?

Oficina de escrita.org      

      No contexto de uma Metafísica da Manifestação, e seguindo o pensamento do prof. Cerqueira Gonçalves e do seu intérprete prof Samuel Dimas, as noções chave de uma Ontologia cristã, seriam:  a Criação, a Incarnação e a Eucaristia (esta incluiria a redenção e a escatologia, mas em si mesma, iria muito além delas). 

     Assim, a noção de redenção teria um lugar secundário, dado que a necessidade de redenção releva de um problema e de uma consequente necessidade desencadeados pelo homem, mediante o exercício da sua vontade livre.  A fonte última dessa necessidade de redenção reside num acontecimento contingente e histórico. Poderia, simplesmente, não ter acontecido.

   Esta perspetiva releva de uma Ontologia da Manifestação, que rejeita todo o dualismo de base que pudesse atribuir ao mal a dignidade e a consistência de um princípio metafísico. Bem pelo contrário, na Ontologia da Criação, toda a realidade é dom gratuito, e o homem descobre-se diante do ser numa atitude de gratidão e de admiração.

     Ao contrário do que foi acima exposto, as metafísicas dualistas colocam no centro da sua visão do real a noção de uma “queda” ou de uma “falta primordial” que reclamaria uma “redenção” a atingir por meio de um “saber” e de uma “prática” reservados muitas vezes a uma elite privilegiada.

    Trata-se de uma tradição gnóstica, muito disseminada e mesmo escondida nas raízes de todo o pensamento ocidental ao longo das diversas épocas da nossa história humana. Esta forma de pensamento insiste no dualismo dos princípios metafísicos – um para o bem e outro para o mal – e, assim, considera a noção de redenção como sendo central e essencial.

    Esse dualismo gnóstico, que atravessa as eras do pensamento e que se tornou um traço específico da nossa filosofia ocidental, penetrou profundamente no próprio cristianismo. E fá-lo, precisamente, ao subordinar as noções de “Criação”, de “Incarnação” e de “Eucaristia” à noção de “Redenção”: este maniqueísmo dualista não hesita em instrumentalizar a noção de uma “Transcendência Viva” em favor das necessidades do ser humano.

Apontamento de Leituras de C. Gonçalves ofm e S. Dimas – OE

A Economia ao Serviço da Vida

Messenger of St Anthony

     A Economia de Francisco é já um movimento estruturado, uma rede mundial de jovens” no dizer da Irmã Alessandra Smerilli, liderado por  economistas de todas as idades, comprometido em inúmeras iniciativas que visam nada menos que uma refundação da Economia, tal como a conhecemos, e que se inspira da própria mensagem de S. Francisco de Assis.

    A partir de uma intuição do Papa Francisco, partilhada e apoiada pelo economista Luigino Bruni, foi lançado um convite, em 2019, aos jovens economistas, empreendedores e agentes de mudança, em todo o mundo, para se unirem e, juntos, elaborarem “a Economia do Futuro”.

   O primeiro encontro internacional teve lugar em Assis, de 22 a 24 de Setembro de 2022; primeiramente partilharam-se os resultados de iniciativas já realizadas desde 2019, e ao longo dos anos de pandemia, em vários domínios, como o académico, comercial, social e ambiental.

    Em seguida, em debate com economistas de renome internacional, os jovens abordaram questões vitais como a paz, a crise climática, as desigualdades, os desafios energéticos, o empreendedorismo, a finança…

  Também foi criado um “lar”, um lugar especialmente orientado para a partilha de sonhos, de intuições juvenis e suas condições de realização.

    Como conclusão deste primeiro encontro histórico, foi elaborado um documento final, “um pacto”, pessoal e coletivo, que a todos comprometeu para o futuro, no sentido de dar uma alma à Economia.

     E, finalmente, ficou lançado o trabalho futuro com a criação das  “12 aldeias”, ou grandes espaços temáticos, dedicadas a 12 questões candentes da Economia, mas abordadas “em estilo de aldeia”, isto é, em pequenos grupos de partilha, dando a primazia à interação humana, ao convívio livre, à criação de relações humanas significativas.

    Estes são os temas em desenvolvimento, nas 12 Aldeias, um pouco por todo o mundo, ao longo deste ano e em vista do próximo encontro internacional, em Setembro de 2023: 1. Agricultura e Justiça 2. A Vida e os Modos de Vida 3. Vocação e Lucro 4. Trabalho e Cuidados 5. Gestão e Dom 6. Finanças e Humanidade 7. Políticas da Felicidade 8. Negócios e Paz 9. Economia e Mulher 10. Energia e Pobreza 11. Empresas em transição 12. O CO2 das Desigualdades

A Economia de Francisco – Recriar o Futuro – OE

 

A Escrita ao Serviço da Vida

 

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   A prática regular da escrita livre  – à margem de deveres profissionais, académicos ou outros fins utilitários –  pode ser considerada como um fator importante do desenvolvimento pessoal, independentemente da idade de quem se dedica a esse exercício.

      O ato de escrever ajuda-nos a desacelerar o impulso com que, tantas vezes, nos encontramos lançados em afazeres e preocupações diárias; abre-se, para nosso alívio, uma pausa nos objetivos de curto alcance, primeira condição de possibilidade para uma reflexão; os pensamentos voltam a reconhecer as emoções que os inspiram na sombra, e assim, mais unificado e confirmado, o nosso interior torna-se livre para  atender ao momento que vive.

    A expressão escrita, mesmo a mais espontânea e não planificada, estende os seus dedos de cego na direção do que de indefinido continuamente vibra e volteia em nós: ao nomear vultos, eles tornam-se formas; ao descrever movimentos, descobre trajetos.

 

Com os Trabalhos da Oficina – Partilha de Inspirações – OE

“Pelo Sonho É Que Vamos”

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“Pelo Sonho é que vamos, comovidos e mudos.”
Sebastião da Gama

     É inegável que, a partir de certo momento da vida de cada um de nós, constatamos que a história humana, ao longo dos séculos, é continuamente interrompida, a cada geração, pela irrupção da morte; esta descoberta poderia, à partida, votar a um niilismo resignado todo o esforço humano de dar sentido à sua condição.

    Com efeito, quando o ser humano atinge a lúcida sensatez da maturidade, reconhece também o caráter vão e talvez até arrogante, das sempre renovadas tentativas  para conquistar, a favor do pequeno ilhéu humano batido pela ondas de todos os fatalismos, a possibilidade sequer de um sentido capaz de resgatar a sua condição.

    Contudo, pode ser precisamente a partir do novo enquadramento que advém com a consciência desta situação limite, humanamente sem salvação, que a afirmação do poeta – “Pelo Sonho é que vamos” –  ganha, por contraste, uma ressonância nova e um poder de atração decisivo.

   Com efeito, é a partir do momento em que, tendo tomado consciência de já ter dado o seu melhor no esforço de atribuir um sentido à existência e, mesmo assim, o ser humano reconhece que continua confrontado com a insuperável hostilidade de circunstâncias que ele não domina; é a partir desse momento fundante, dessa tomada de consciência radical, que ele pode ganhar acesso, com a decisão autêntica da sua liberdade, a um novo horizonte de sentido.

    “Pelo Sonho é que Vamos”, pela resolução de permanecer fiel a um “apelo do ser” a que não podemos corresponder pelas nossas próprias forças, mas cuja vertiginosa possibilidade real permanece como fonte inesgotável de inspiração, mobilizando o melhor da coragem humana para prosseguir a aventura da existência. 

Partilha de Inspirações – com Diogo Ventura – OE

O Lançar de uma Sonda

cadescrita.org

     Podemos ler para compreender o que é, onde estamos todos, o que, nesta caminhada de tempo, vamos sendo. Assim também, podemos escrever para tentar configurar o que compreendemos, para descrever onde nos situamos, para narrar o processo que somos.

    Escrever imita, assim, o próprio movimento da vida, expressa-o e serve-o. Movimento, por vezes imperceptível, onde se vai desenhando a nossa experiência de ser, a qual participa do mesmo dinamismo e pujança inerentes a toda a realidade.

   Não se trata, portanto, de mero exercício académico, desprovido de raízes no húmus do real vivido, sem mordente sobre a nossa relação primordial com a aventura de dar sentido ao existir.

   Escrever é também o lançar de uma sonda para fora da segurança de estar a bordo, na ousadia, em aparência insensata, de interpretar um oceano que não tem fim.

   Como se cada um de nós fosse “uma palavra a dizer”, tarefa de uma vida, que não pode ser delegada nem adiada, mas que só se articula em conjunção com toda a realidade, em relação com todos os outros, no íntimo espaço aberto para o horizonte que tudo supera e onde apenas pode germinar uma comunhão verdadeira.

Razões para Escrever – OE

Entre Altas Ondas

 

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    A Coragem é viver entre altas ondas: podem ser adversas ou amigas. As primeiras levam-nos mais longe, mas à força, ensinam a não resistir e a entregar os sonhos à corrente. As seguintes atiram-nos para o alto e fazem-nos cair onde há muitos companheiros a desbravar caminhos secretos por entre as águas peregrinas.

      A Coragem é sair sempre, obedientes à chamada do vento que sopra onde quer, para um treino de liberdade que nunca termina, antes nos surpreende, sempre, com desafios inéditos.  A Coragem não se exerce apenas no perigo iminente, mas constantemente se afina na paciência do esforço que exigem as tarefas repetidas no amor de cada dia.

       A Coragem pode vir embrulhada na escolha das palavras que voam como setas afiadas e montam guarda ao generoso coração da Vida.

Partilha de Inspirações  – OE e 5D

Só os Dois no Mundo

Fnac – 10/2016

E se ficássemos só os dois no mundo, tinhas medo?

Noite Estrelada, Jimmy Liao

      Não tinha medo; contigo, não haveria solidão, não seria difícil dar sentido ao existir; pelo contrário, para nós, ele seria como um mistério atraente.

     O que faríamos num planeta tão grande? Oh, ele ter-se-ia tornado pequeno, pois teríamos voltado a viver no campo, outra vez. O nosso lar seria a pequena casa dos avós,  com o seu jardim iluminado pelas flores,  a horta para plantarmos e colhermos a delícia dos vegetais. Os nossos aparelhos domésticos deixariam de funcionar, os nossos veículos sem combustível poderiam abrigar os coelhos do bosque. 

     Contigo, celebraria os Amigos e as Famílias ausentes, não nos pareceria terrível que todos tivessem desaparecido do nosso presente, porque eles continuariam vivos na nossa celebração aberta sobre um Futuro absoluto. 

     Só os Dois” é uma fórmula pacificadora para o mundo tumultuoso em que vivemos. Não somos poucos demais, porque nós os dois permanecemos expectantes em relação ao infinito.

    Há uma abertura no diálogo entre Amigos que o torna inesgotável. Entre os dois podemos fazer isso mesmo: criar, desenvolver uma conversa que nunca terá fim. 

Partilha de Inspirações – OE e 5ºA

 

A Escrita ao Serviço da Vida

Oficina de Escrita – Prof Paula Xavier                                                   

          “A tua oração é o grito do teu desejo. Redige essa oração por escrito: esse primeiro esforço criador fará com que cresça em ti a coragem.”                           

Sto. Agostinho, sec. V

     

     O exercício da expressão escrita –  seja na sua vertente expressiva, reflexiva, criativa, ou outra –  é sempre  uma experiência de liberdade.

    Com efeito,  tal exercício só pode aceder a uma forma única e pessoal se, para lá da circunstância de um dever académico, for também voluntário;  se, para lá da utilidade dos objetivos  curriculares, se colocar, também, desinteressadamente,  ao serviço da Vida.

     Quem fez, ainda que de passagem e a intervalos muito irregulares, essa experiência vital de autenticidade, sabe que só ela tem o potencial de libertar energias que, de outro modo,  permaneceriam compactadas  e inúteis, nos meandros subterrâneos do nosso viver apressado.

    São  energias do mais puro quilate, as mais próximas da Fonte de onde brota, misteriosamente, a cada momento, a nossa própria Vida;  elas ascendem,  por assim dizer,  ao apelo da escrita – que tem o dom de as convocar  – e ficam disponíveis para a nossa  vontade.

   São elas que tornam possível “o golpe de alma” necessário  a uma tomada de decisao;  são puras forças de coragem que o exercício da escrita drenou para a luz da consciência.

     Certamente, há outras descobertas essenciais a realizar neste exercício  tão rente ao chão do vivido. Hoje queríamos apenas destacar aqui esta virtualidade,  tantas vezes suposta em silêncio,  mas repleta de possibilidades de Vida,  que o exercício da expressão escrita pode oferecer aos nossos Alunos. 

Agenda 22-23 Instrumentos de Vida – OE

O Máximo Horizonte

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Levantou-se e partiu apressadamente…”

Tema das JMJ -2023

       O tema das Jornadas Mundiais da Juventude deixa-se aprofundar apenas depois de termos enfrentado algumas questões incontornáveis:

      • O que nos faz levantar?
      • E partir?
      • E partir apressadamente?
      • Qual é o alcance máximo dessa expectativa que se projeta para diante, para cima, para todos os lados?
      • O que demanda, na sua máxima ousadia , o anseio humano?

          A resposta a estas questões daria a medida da amplitude do  nosso máximo horizonte.

     Cada um de nós,  em momentos limite da sua aventura pessoal, descobre que se  faz ao largo de tudo; admira-se ao constatar que se adianta para além da segurança da  própria vivência acumulada ao longo dos seus anos; espanta-se com a agilidade com que se desembaraça  para lá da estabilidade do conhecido, que  afinal tinha se vindo a construir laboriosamente e formava o alicerce do seu quotidiano.

“Levantou-se e partiu apressadamente em direção às montanhas”

       Os dois movimentos livres nesta iniciativa são “Levantar-se” e “Partir.”

        O ímpeto que borbulha e lança espuma, no nosso levantar, é já resposta a uma solicitação que vem de mais longe? E De quão longe?

       De quanto mais longe somos interpelados, talvez mais intenso o impulso do nosso levantar e a prontidão do pôr-se a caminho, e o ritmo do andamento para fora e para longe.  Talvez se afine o olhar para a lonjura à medida que  avançamos  na direção de embora.

   Em direção” – não se trata de um rastrear avulso, mas de um movimento orientado, um ritmo ordenado, uma fidelidade a algo que nos expropria e nos transporta.

     Às montanhas” este destino último sugere um horizonte vertical, mais inacessível, mais exigente no esforço de chegar a participar nele, mais transcendente ao plano horizontal do habitat humano, onde a inércia do que  já se controla com sucesso pode amortecer o ímpeto do avanço para diante.

     E, no entanto, a prontidão da resposta e a orientação do olhar para o mais longínquo transmitem a sensação de que há algo de familiar neste apelo a uma superação sem condições. 

     Não no sentido em que o dom inesperado pudesse ser deduzido ou reclamado a partir de um indefinível anseio humano; mas antes essa impressão de “estar em casa”, apesar de estar fora das fronteiras patrulhadas. 

   É assim como uma sensação de pertencer ainda a outro enraizamento, para lá do ecossistema humano, no seu entrelaçamento íntimo de natureza e cultura – tão íntimo que as duas componentes se tornam indiscerníveis.

      Um súbito à vontade reencontrado, mal se dobrou a curva do último limite conhecido, como se a nossa vocação humana tivesse sido, afinal, desde sempre, o incessante renovar-se em vista de um infinito: “levantar-se e partir”.

     Santo Anselmo, no sec XII, deixou formulado para sempre um desafio semelhante a todo o pensar vivo que havia de vir depois dele; mas o seu convite ousado não se dirige ao pseudo-pensar de pacotilha, domesticado e passivo,  segregando abstrações ou derramando-se em objetos externos.

    Só o centro ardente da pessoa humana é capaz de unificar num feixe luminoso todas as vertentes da existência e determinar-se para a aventura de um pensar vivo.

     Aventurar-se a pensar o ser; o ser maior; “o ser acima do qual nada maior pode ser pensado”. Anselmo desenhou  um horizonte de amplitude tão aberta que não se pode percorrer as suas margens com o olhar.

    Nada mais do que pensar a sua possibilidade é talvez já “o levantar-se” do nosso próprio ser; afirmar a existência dessa possibilidade infinita é talvez já o início de uma “partida apressada” de todo o nosso ser, a imersão na irresistível corrida em direção ao coração inatingível  deste máximo horizonte .

     JMJ-Lisboa-2023 Agenda 22-23 – A VIDA – OE

“A PAZ é responsabilidade de Todos”

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     “A Paz só poderá nascer da paz: não da paz concluída depois de uma batalha, mas da paz debatida sem batalha e erigida em vitória definitiva do Diálogo sobre a espada.”                                                 

 Émile-de-Girardin

     Vivemos um momento decisivo que pode abrir novas possibilidades para a aventura humana que se vem desenrolando na história. 

     As forças em presença não são apenas as que se tornam visíveis e mais ou menos inteligíveis nas tensões da atualidade; nas questões vitais em debate, incluem-se as forças que brotam de toda a realização humana do passado do mundo, bem como as incontáveis possibilidades que nos interpelam do futuro.

    Quem defende a Paz? Quem pratica os valores da democracia? Quem está empenhado na redistribuição dos bens e dos recursos? Quem acolhe, como um enriquecimento, a pluralidade de visões do mundo? Quem consegue discernir as finas linhas que demarcam a possibilidade de um diálogo vivo entre todas elas?   

    Não escolhemos ser livres; eis outro presente que nos foi oferecido com a própria vida: uma vida livre, que supõe uma adesão e a persistência de um esforço, sempre a reatualizar, para corresponder à exigência com que a Vida coroa o seu livre dom. 

     Na sua mensagem da Páscoa 2022, o papa Francisco considerou a Paz não apenas “possível”, mas ainda “a principal responsabilidadede todos nós

      Entre inumeráveis iniciativas que os desafios da Paz suscitam, podemos indicar:

        • A Fundação Berghof ,para a qual “o conflito é inevitável, mas a violência, não” e desenvolve, há 50 anos, encontros entre partes em litígio, apoiando-os no esforço do diálogo.
        • Open Democracy, uma plataforma internacional que se quer independente, que dá voz aos excluídos da atenção pública, em vista de um mundo mais igualitário e mais aberto.
        • E-International Relations – site que oferece uma plataforma aberta, não alinhada, para publicações dos mais diversos pontos de vista sobre as relações internacionais e os equilíbrios de forças no mundo atual. Também oferece livros de leitura gratuita online.
        • Youth for Peace – Visa a participação dos jovens na construção da Paz Mundial e tem o apoio do Conselho de Segurança da ONU.

 

Pacto Global para a Educação – A Vida, Agenda 22-23 – OE

     

  

Viver e Expressar a Beleza

     

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     De Anselmo Grun, monge beneditino:

     “Aplica-se à fé o mesmo requisito que à Filosofia: a possibilidade de maravilhar-se.”  “No início da reflexão filosófica maravilhamo-nos perante o facto de que somos, em vez de não sermos; assim também no início da atitude de fé está o maravilhar-se perante a beleza do mundo e o mistério do ser humano.” (1)

    Fé – também uma atitude de confiança no que nos excede; reflexão filosófica – também uma sabedoria que amadurece na reflexão pessoal sobre a experiência vivida do que nos excede.

    Acontece o milagre altamente improvável de que sou – eu, que poderia nunca ter sido. Descobrir-se contingente, estar assim à beirinha do precipício de milhões de possíveis em que não estou incluído.

     Como dizia, em “A Rapariga das Laranjas”, a mulher da personagem principal que se desolava, à medida que o seu cancro avançava, por ter de morrer tão cedo:

  “ – Mas tu estiveste aqui. E isso é verdade para sempre. Lucky you.” (2)

    Kant deixou-se maravilhar, tanto perante o enigma irredutível de um universo imenso, constelado de estrelas incontáveis, como perante o não menos misterioso pulsar da “lei moral” na profundidade do coração humano. (3)

   Na sua obra, esta contemplação maravilhada traduziu-se numa sabedoria mais abrangente, mas não na expressão de uma fé mais profunda.

   Que silêncio permite que a criação se nos desvende como bela e a presença do ser humano nos surja como misteriosa, a ponto de nos sentirmos maravilhados?

   Que linguagem pode expressar o sentido dessa beleza e a evidência desse teor misterioso?

     Anselmo Grun fala de uma “capacidade de falar por imagens”. Essa mediação é ela mesma descrita por uma imagem. O que são as imagens? São janelas. (4)

    A Capacidade de falar por imagens é a de rasgar aberturas na nossa forma de ver o mundo conhecido; dar a ver “o que está fora”, abrir mirantes para o que só pode existir “para lá de tudo”; algo que não pode ser apenas uma finalidade a alcançar por mero alargamento das dimensões do humano; algo cujo sentido exige essa liberdade em relação ao nosso existir no mundo com os outros,  como uma transcendência autêntica.

    Falar por imagens torna-nos capazes de expressar o que é maior do que o simplesmente “novo” para nós, mas que é, antes, o “incessantemente novo” e “sempre maior”, que se torna presente à criação, pela sua beleza e ao ser humano, pelo seu mistério.

    O Autor Beneditino assegura-nos que “as imagens não prendem o mistério do ser”, por que não se reduzem a indicar objetos, não se referem a realidades objetiváveis, isto é, que possamos reduzir a “coisas”. (5)

     Esta linguagem capaz de criar imagens é, pois, também ela, a “linguagem da beleza”. É a mesma disposição para “deixar-se maravilhar” que subjaz tanto à descoberta do que nos supera, como à possibilidade de o articular na linguagem.

      Vivenciar a possibilidade deste radicalmente “para além de” e  “sempre mais” é, ao mesmo tempo, causa e resultado do espanto e do deslumbramento que suscita. Eles configuram uma disposição interior que tanto permite cumprir o trabalho da reflexão como pode inspirar a atitude de fé.

A Vida – Agenda CAD – Setembro – OE

(1) - Anselm Grun - "O que é a Religião?" pag. 24
(2) - Jostein Gaarder - "A Rapariga das Laranjas"
(3) - Emmanuel Kant - "Crítica da Razão Prática", 1788
(4) - Anselm Grun - "O que é a Religião?" pag. 24
(5) - id.