“A Nossa Forma de Amar”

   

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     O próximo Ano Letivo vai decorrer, todo ele, tanto sob o signo da festiva Celebração dos 50 anos do nosso Colégio, como na redescoberta dos horizontes de um “Olhar” que deseja ver melhor e, sobretudo, mais longe.

     Conciliam-se naturalmente os dois desafios de Vida, pois não só o ato de celebrar torna visíveis riquezas ocultas no real quotidiano, como também a visão criativa de um olhar inovador se articula, naquele desvendamento, com a exultação inesgotável que o percorre.

     O Presente, assim transformado num abrigo acolhedor para um Passado confiante, volta-se, com ele, para a formidável perspetiva de um Futuro repleto de vida, onde germina uma sementeira de surpresas que, no percurso da história comum, irão surgindo, no rasto, sempre fecundo, do Carisma original.

     Esta passagem festiva virá, certamente, balizar, com a viva nota do seu entusiasmo, o intinerário promissor do novo Ano Letivo, a que o tesouro das Jornadas da Juventude pode e deve imprimir o seu ímpeto para ir mais adiante e mais alto, que constitui, também, o seu impulso divino.

    Se “Educar é a nossa forma de Amar”, a nossa ação não está destinada a esgotar-se, mas antes a recriar-se, a cada nova geração, com toda a Comunidade Educativa, que cresce no tempo e se vai configurando, nesse imenso viveiro humano, onde Alunos, Irmãs, Assistentes e Docentes vão passando uns aos outros, na aventura de um Amor irrepetível, a chama original do Fundador.

Com a Comunidade do CAD Partilha de Inspirações OE

JMJ23 – O Poder das Questões Inquietantes

cadescrita.org    

     “A inquietação é o melhor remédio para a rotina”, essa “espécie de normalidade que anestesia a alma”.

    Assim o Papa Francisco exortou os nossos jovens a dar uma alma nova à sua inquietação, modulando-a em interrogações vitais a partilhar com todos: “Cada um de nós traz dentro de si as suas próprias interrogações”; “ponhamos estas questões no diálogo comum entre nós”; “ponhamos estas questões diante de Deus”.

    Mas eis que refluiu a massa ondeante da exultação juvenil que iluminou o país como um relâmpago de Alegria…

     As aclamações, as danças e os cantos levantaram, por baixo do solo falsamente seguro da rotina, as questões  vivas, na sua ousadia inquietante.

    Caiu um milhão de sementes de vida na terra assim revolvida pelos pés dos mensageiros. O coração, renovado, voltou a ser terreno de cultivo. Dará fruto?

     “Estes eventos tendem a esgotar-se em si mesmos” – constata um antropólogo sensato a quem as estatísticas  não  deixam iludir; contudo, soa como quem decifrou a letra mas não ouviu a música.

    Em mais de 120 países, “A Economia de Francisco” já se tornou um poderoso movimento, para citar apenas uma das ferramenta inquietantes que, nas mãos dos jovens, vai humanizando o mundo.

    Mas ainda para além destas manifestações de Vida, quem poderá medir a transformação que se opera no invisível? Que estatísticas podem verificar a germinação secreta do inaudito no íntimo de cada jovem?

     Só Aquele cujo “Amor vem de surpresa”, “que nos mantém alerta e sempre, de novo, nos surpreende”.

Com JMJ23 – Partilha de Inspirações – OE

 

 

 

Escrever, assim, Entre Nós

     

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     Escrever, assim, entre amigos, como num clube mágico em que fosse livre entrar e sair, e pousássemos, por um instante, o coração.

    Escrever livremente, quase sem pensar, mas atentos ao que, lá dentro, no mais secreto, se perfila, toma vulto e quer surgir. Como um sol pequenino que ainda não soubesse nascer,  E mal adivinhasse que, com a sua ousadia, a luz iria espalhar vida e cor até aos confins do ser.

       Escrever, sem visar um fim que se possa prever, mas abertos à surpresa do que ainda não foi imaginado e, espera, impaciente, por ganhar um movimento de dança, um perfume, uma forma de ser abraçado e ficar, como amigo, entre nós.

Com J6A – Partilha de Inspirações – OE

O Tesouro da Pintura

CAD – 10ºAno – 21-22

      Ao pintar, desenvolvemos o nosso sentido da beleza, estamos mais atentos ao que nos rodeia, e, por isso, sentimo-nos mais vivos, mais presentes ao momento que passa. 

     O ser humano, ao pintar, participa na obra da criação, é ele próprio um artista que celebra aquilo que existe.

   Não só a sua alma floresce, mas transmite felicidade aos outros que contemplam o que surgiu das suas mãos.

Com a MM6D – Partilha de Inspirações – OE

O Lançar de uma Sonda

cadescrita.org

     Podemos ler para compreender o que é, onde estamos todos, o que, nesta caminhada de tempo, vamos sendo. Assim também, podemos escrever para tentar configurar o que compreendemos, para descrever onde nos situamos, para narrar o processo que somos.

    Escrever imita, assim, o próprio movimento da vida, expressa-o e serve-o. Movimento, por vezes imperceptível, onde se vai desenhando a nossa experiência de ser, a qual participa do mesmo dinamismo e pujança inerentes a toda a realidade.

   Não se trata, portanto, de mero exercício académico, desprovido de raízes no húmus do real vivido, sem mordente sobre a nossa relação primordial com a aventura de dar sentido ao existir.

   Escrever é também o lançar de uma sonda para fora da segurança de estar a bordo, na ousadia, em aparência insensata, de interpretar um oceano que não tem fim.

   Como se cada um de nós fosse “uma palavra a dizer”, tarefa de uma vida, que não pode ser delegada nem adiada, mas que só se articula em conjunção com toda a realidade, em relação com todos os outros, no íntimo espaço aberto para o horizonte que tudo supera e onde apenas pode germinar uma comunhão verdadeira.

Razões para Escrever – OE

Entre Altas Ondas

 

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    A Coragem é viver entre altas ondas: podem ser adversas ou amigas. As primeiras levam-nos mais longe, mas à força, ensinam a não resistir e a entregar os sonhos à corrente. As seguintes atiram-nos para o alto e fazem-nos cair onde há muitos companheiros a desbravar caminhos secretos por entre as águas peregrinas.

      A Coragem é sair sempre, obedientes à chamada do vento que sopra onde quer, para um treino de liberdade que nunca termina, antes nos surpreende, sempre, com desafios inéditos.  A Coragem não se exerce apenas no perigo iminente, mas constantemente se afina na paciência do esforço que exigem as tarefas repetidas no amor de cada dia.

       A Coragem pode vir embrulhada na escolha das palavras que voam como setas afiadas e montam guarda ao generoso coração da Vida.

Partilha de Inspirações  – OE e 5D

Só os Dois no Mundo

Fnac – 10/2016

E se ficássemos só os dois no mundo, tinhas medo?

Noite Estrelada, Jimmy Liao

      Não tinha medo; contigo, não haveria solidão, não seria difícil dar sentido ao existir; pelo contrário, para nós, ele seria como um mistério atraente.

     O que faríamos num planeta tão grande? Oh, ele ter-se-ia tornado pequeno, pois teríamos voltado a viver no campo, outra vez. O nosso lar seria a pequena casa dos avós,  com o seu jardim iluminado pelas flores,  a horta para plantarmos e colhermos a delícia dos vegetais. Os nossos aparelhos domésticos deixariam de funcionar, os nossos veículos sem combustível poderiam abrigar os coelhos do bosque. 

     Contigo, celebraria os Amigos e as Famílias ausentes, não nos pareceria terrível que todos tivessem desaparecido do nosso presente, porque eles continuariam vivos na nossa celebração aberta sobre um Futuro absoluto. 

     Só os Dois” é uma fórmula pacificadora para o mundo tumultuoso em que vivemos. Não somos poucos demais, porque nós os dois permanecemos expectantes em relação ao infinito.

    Há uma abertura no diálogo entre Amigos que o torna inesgotável. Entre os dois podemos fazer isso mesmo: criar, desenvolver uma conversa que nunca terá fim. 

Partilha de Inspirações – OE e 5ºA

 

Ser o Reflexo…

 

Pastoral CAD – Instagram

“Ser reflexo dos valores que me guiam…” – Setembro

       Aqui, “Refletir”significa expressar, numa dimensão visível, não forçosamente mensurável, algo que subsiste noutro plano, mas que é diretamente inacessível.

      Os “Valores”, como estrelas orientadoras, iluminam a visão com que vamos reconhecendo e configurando a nossa realidade; esta é viva, distende-se no tempo, tem o poder de conectar-se a tudo, obedece a um dinamismo próprio que a faz abrir-se sempre a mais além.

     Esta descrição da nossa realidade humana, já é, por sua vez, iluminada por valores, já reflete a radiação originária dos valores que permite configurar e inteligir o que é.

     Somos força de vida em movimento de tempo rumo a um sempre mais. Relação essencial com todos os outros e com o que é Outro de todos nós.

     As nossas decisões vão expressando, na frescura da corrente do nosso  quotidiano, aberta ao estuário de todos os tempos, que não sofremos restrição de nenhum limite externo, além do espontâneo pulsar da nossa liberdade.

     Sim, somos nós que desenhamos, nas águas puras do tempo, o reflexo que testemunha a presença escondida dos valores que nos guiam, “mais íntimos a nós do que nós mesmos” como dizia tão bem Sto Agostinho.

Partilha de Inspirações – Agenda 22-23 e OE

“Caminhos de Encontro”

Cadescrita.org

     Sob o signo da Fraternidade se estreia o novo Ano Letivo para a nossa Comunidade.

   O primeiro pórtico que transpomos pretende abrir para  caminhos incomuns, sob a aparente banalidade da sua qualificação: com efeito, estes caminhos que podem abrir-se para nós, são todos “de encontro”, o que nos pode parecer familiar, e onde nos sentimos com alguma competência, pela experiência acumulada de partilha viva.

    Mas que “caminhos” são estes? E a que “encontro” nos conduzem?

     Estes “caminhos” são livres, isto é, podemos não seguir por eles; só se tornam acessíveis se os quisermos seguir; de outro modo permanecem ocultos no  entrançado dos labirintos quotidianos em que nos cruzamos constantemente sem nos ver, e que, afinal, não são “caminhos” e onde, afinal, não acontece “encontro”.

     Estes “caminhos” são múltiplos, isto é, variados, diferentes, plurais. Vias distintas por onde circulam companheiros de viagem, mas todos irmanados na viagem comum. 

     Ah, dissemos “companheiros”. Aqui, sim, o “encontro”: a presença irrecusável dos outros que povoam estes  caminhos prometidos, a transbordar de movimento e vida, de desafio e encanto.

    Encontro único de “Fraternidade” através de caminhos multiplicados: o capítulo sétimo da Carta do Papa fala da “formação de uma sociedade” inteiramente “nova”; afirma que “o valor de estarmos juntos” como pessoas “é superior” a qualquer outro laço humano; que “os processos da paz” são o somatório de pequenas “transformações artesanais” que cada pessoa improvisa no seu quotidiano; e ainda que, quando “se trata de recomeçar”, tem de ser sempre “a partir dos últimos”.

    Cada um de nós está, assim, confiado às surpresas inventivas da boa-vontade dos outros; cada um de nós fica, deste modo, desafiado a criar iniciativas de transformação ou a corresponder com uma retribuição inesperada, numa troca de atos de bondade e de coragem, todos eles “artesanais”.

     Tais pequenos atos generosos e atrevidos, que passam pela lentidão da escuta, da firmeza paciente do diálogo,  que geram o sentido da pertença mútua e nos surpreendem no seu alcance poderoso para desarmar inimizades,  serão os que a nossa fraterna fantasia imaginar e que o nosso  incansável  palmilhar de “caminhos” há-de tornar reais.

OE – Partilha de Inspirações  

As Palavras Cintilam

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    Voltar é reconhecer o caminho e recordar a Aventura da partida.

   Voltar é reconhecer-se grato; e recordar – trazer de volta ao coração – é  retomar o fôlego da Aventura interminável. 

   A úlitma Aventura: a que já não se avista daqui, mas se adivinha no fugidio brilho das palavras.

   As palavras cintilam, como as estrelas.

  Como os olhos das crianças, as palavras – deslumbrantes – perseguem-nos, orientam-nos.

   Estrelas-Guia, as palavras rodopiam no céu noturno do coração e seduzem-nos a dobrar o mais longínquo. 

     As palavras abrem espaço que não havia antes, para respirarmos o desafio que sopra do infinito e se aninha no estreito abrigo vazio que é o amor de escrever.

Com IF9D – Partilha de Inspirações – OE 

Aprendizagem Socio-Emocional – A Escada de Inferências-7

Image par 愚木混株 Cdd20 de Pixabay

    Esta ferramenta de Coaching Educativo pode ser aplicada a inúmeras situações do contexto escolar em que surja um conflito, mas precisa de ser adaptada às diferentes experiências de vida e níveis de conhecimento do mundo, conforme as idades dos nossos Alunos.

      Ela exige, de entrada, que se esclareça a base teórica que a fundamenta: o nosso cérebro é portador de uma herança milenar em que as primeiras estratégias de sobrevivência ficaram impressas e continua a exercer uma influência dominante em relação às conquistas mais recentes da nossa capacidade reflexiva.

     Assim, nos imprevistos da vida quotidiana, é mais natural adiarmos o esforço de suspender o juízo, tomar distância e apreciar em perspetiva, antes de inferir a conclusão que nos permitirá assumir uma atitude adequada.

       Sob o impulso premente da arcaica estratégia reativa, muitas vezes nos precipitamos numa observação parcial do que acontece; selecionamos apenas o que parece servir os nossos fins ocultos, interpretando os factos em função de uma defesa ou de um ataque apenas pressentido; avaliamos as atitudes dos outros a partir dessa leitura oblíqua para, finalmente, reagirmos em consequência dela e, quantas vezes, em prejuízo de um relacionamento justo e cordial.

      A “Escada das Inferências” proporciona uma estratégia  reflexiva que denuncia e desmonta os pressupostos neste encadeamento acrítico de interpretação e reação.

   Como exigência de inteligibilidade que é, além do seu papel purificador, também oferece orientações para elaborarmos deliberadamente hipóteses mais positivas, quando soletramos a vida de modo confiante e buscamos um agir que se ajuste, solidário dos outros, convivial e lúcido. 

Aprendizagem Sócio-Emocional-7

Com Teach Write Edu, Outubro 20- Partilha de Inspirações – OE

Outubro 2020 Dia 5

Encontram-se outras variedades de aplicação desta ferramenta de Couching Educativo no livro de Juan Fernando Bou Pèrez Ferramentas de Coaching Educativo“ – Porto Editora.

Ir Devagar para Chegar Depressa – I

   

Author: Lothar J Seiwert

   “Como Chegar Depressa indo Devagar” de Lothar J Seiwert é uma maravilhosa reflexão sobre o modo como  a nossa vida pode ser articulada em torno de certas áreas essenciais, com o fim de a levar a atingir a harmonia dinâmica em que pode revelar todo o seu potencial de sentido.

    De acordo com a orientação do livro “Como chegar depressa, Indo Devagar”  não se deve considerar inútil escrever explicitamente as intenções que perseguimos a curto e a longo prazo, bem como as tentativas de ação que vamos forjando. Este esforço ritmado, que dilucida a caótica riqueza do quotidiano, vai abrindo o acesso a uma outra forma de escandir o tempo.

   Em relação ao trabalho, muitos dos nossos alunos se dedicam na sua execução, sentem-se responsáveis pelas tarefas atribuídas, desejam evoluir na qualidade do seu desempenho, de onde a importância que reconhecem a esta área da sua vida.

  Mas, na surpresa do Dia que nos invade, levanta e arrasta como uma imensa onda suave, é preciso que se abra uma clareira  de vida, protegida e gratuita, para depois da Escola.

   A todos os Alunos assiste o direito de aceder a uma determinada cultura  – não a uma coleção de saberes avulsos repetíveis ad nauseam –  mas sim àquela cultura que permite à pessoa humana exercer a nobreza e a urgência do seu poder interrogante face a si própria, aos outros, ao mundo e à totalidade do real.

   Encontramos, neste livro cativante, o convite e as sugestões concretas para uma escrita que reflete e sonda as pistas de uma orientação unificadora para a vida de cada um.

   Ao reconhecer-se o fio de ouro que perpassa através da aparência múltipla e desencontrada, é a própria pessoa, no seu íntimo, que  finalmente se distende e repousa.

   É aí que os Alunos descobrem o que trazem de único para dizer e com  as suas próprias, insubstituíveis palavras

Com Lothar J Seiwert  partilha de inspirações – OE

Com Teach Write em Outubro 2020, Dia 4

Francisco, o Amigo Incomum

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    Entramos na celebração do “Trânsito de Francisco”, precisamente na véspera da sua Festa na Igreja Universal.

   Chega-nos de há mais de 12 séculos o eco musical dos seus poemas, que não só escreveu mas agiu, que não só cantou mas transformou em amor prático, em vida desprovida de si e partilhada até ao infinito.

     De onde nos chega esta frescura de Presença envolvente, que inspira a prontidão para aceitar um sonho inesperado?

   De onde sopra este vento de Alegria que nos empurra para  trocar, quase de repente, o familiar abrigo, por uma caminhada incerta e encantada na nostalgia de um futuro outro?

    Francisco, o Amigo incomum, que, à distância de séculos, pertence a todos os tempos, continua a cativá-los na sua ternura, a comprometê-los  na sua pobreza, a fecundá-los no  inaudito anúncio como “Arauto” que é  “do Grande Rei”.

Com Teach Write em Outubro 20

Partilha de Inspirações – OE – Dia 3

 

“A Terra é Tua…” – “Um Respeito Amoroso e Humilde”

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     “… Esta comunhão sublime inspira-nos um respeito sagrado, amoroso e humilde…”

     Esta citação do texto “Laudato Si” encontra um eco vivo na sensibilidade das novas gerações; na verdade, elas estão “aparelhadas” para fazer desabrochar os infinitos possíveis capazes de elevar a vida de todos a “um máximo expoente de sentido”.

       A nossa aventura humana encontra um caminho amplo quando se deixa orientar pelo sentido desta  “comunhão sublime” entre tudo o que existe, na qual somos abrigados como em berço real e na qual cada um recebe a missão de levar tudo o que existe o mais longe que conseguir.

     Tudo e todos nos pertencem, desde a origem até ao fim dos tempos; assim como nós nos devemos a esta totalidade misteriosa e viva que conta connosco, nos impulsiona para diante, nos desafia secretamente e entrega a cada um o cuidado de todos.

       Tal é a nossa Terra livre, a nossa Casa aberta.

Com Teach Write – Partilha de Inspirações – OE

Progresso, não Perfeição

Progress not PerfectionImage by DarkmoonArt_de from Pixabay 

      Vive em nós um impulso espontâneo para “o mais perfeito”; ele  sempre espreita os projetos emergentes, ronda as esquinas das tomadas de decisão, chega mesmo a infiltrar-se na atmosfera dos sonhos  mais ingénuos.

   Contraria-mo-lo buscando simplesmente progredir, a cada pequeno passo das nossas determinações. A cintilação irresistível do perfeito deixa de exercer o seu poder hipnótico logo após os primeiros passos hesitantes em que se expressa a nossa opção pela aventura de progredir.  

        Uma expedição noturna, onde o mapa se desenha à medida em que se avança, a descoberta humilde do incerto e do inaudito: assim é o serpentear da escrita, tateando o movimento esquivo e grácil das palavras, aspirando a sua liberdade viva…

Com Teach Write Partilha de Inspirações – OE

Setembro – “Que Terra Quero Ser?”

somos terra

Photo by form PxHere

     Nesta metáfora, nós também somos a “Terra” que precisa de ser preparada para acolher no seu seio as sementes da Vida.

  Inesperadas, múltiplas sementes, feitas de relações e de acontecimentos que escapam à nossa previsão mas, também frutuosas, nutritivas, que podem ser antecipadas por um cuidado fiel e confiante.

  Como somos então “Terra”, e até que ponto escolhemos a que queremos ser?

 Pertencemos de raiz à nossa família mais próxima; depois ao círculo eleito dos amigos mais íntimos; enfim à ampla comunidade da escola, no seu dinamismo de percursos jovens em perpétuo cruzamento; e ainda, por trás de tudo, cercando-nos e sustentando esta nossa rede de relações significativas, o vasto mundo das sociedades humanas, prolixo, tumultuoso, inabarcável, onde as diferentes gerações entretecem o hoje da História.

   Em que sentido somos esta “Terra”? O que significa dizer que escolhemos os seus ingredientes? Como é que pelo nosso consentir a preparamos?

   Se somos esta”Terra”, tudo o que ela gera ou o que nela se desencadeia é-nos próximo, familiar e íntimo.

  Pelos valores herdados de infância e depois criticamente assumidos na adolescência, escolhemos como esta “Terra” se constitui, de que gestação se vai tornando capaz.

  É por acolhimento de graças inspiradas e por esforço de decisões  corajosas que nos expressamos depois em atitudes, em compromissos, em colaborações vivas.

  Assim conformamos a “Terra” que vamos sendo com a disposição de que precisam as “sementes” de Vida que sonhamos, para nela germinar em segurança.

     Setembro, Cascais, 2020: como nos preparamos então?

Partilha de Inspirações –  Agenda CAD 2020 – 21 e OE

Que “Casa” a Terra é?

naturezaImage par kangbch de Pixabay 

    A Terra sustenta-nos como mãe, ninho, lar, lugar de encontro e, ao mesmo tempo, por ela se difunde também o ininterrupto e múltiplo convívio entre os seres que ela permite existir.

   É através deste nosso enraízamento concreto no seu espaço, desta pertença da nossa espessura sensível ao fluxo do seu tempo, que, afinal, podemos comunicar entre nós.

   A Natureza não é, assim, “nossa casa”, num sentido “estático”, mas  antes num sentido dinâmico, de verdadeiro “lar”: é movimento e vida em pérpetuo crescimento, sempre rumo a mais vida; é um dinamismo orientado e protetor, que segue a direção de um misterioso excesso.

   Vivemos intensamente a nossa pertença filial à Terra também em momentos de contemplação tranquila; o magnetismo do por do sol que nos prende o olhar, ao fim de um dia enriquecido de encontros humanos e de trabalho intenso, parece oferecer à humanidade que se abriga na beleza inesperada, uma preciosa consolação.

Com Agenda CAD 2020 – Partilha de Inspirações – OE

A Paz Reconfirmada do Serão

“Migrantes explorados, pobres, refugiados e deslocados: todos têm direito à festa nupcial”

Bispo de Santarém – Fátima, 13 de Agosto 2020

migrantes peregrinação

   Image par LhcCoutinho de Pixabay 

    A Paz reconfirmada do Serão: para os que caminharam longe, os que não sabem como avançar amanhã.

 Mas há para eles uma pausa perfumada, um momento de desenrolar o manto húmido e deixar partir os pensamentos ou trocar pedacinhos de esperança, como a ração da noite, entre os companheiros de viagem.

  Que sabe o mundo organizado na segurança sobre este esforço comum dos que foram obrigados a partir no rodopio do conflito?

    Os seus milhares de passos peregrinos rumando à Paz… Ela expressa-se também neste serão: sobre o manto, no chão húmido, esta pausa entre irmãos.

Com a Peregrinação dos Migrantes e Refugiados – OE

 Agosto de 2020 – Partilha de Inspirações 

Razões de Escrever – 1 – “Encontrar o que Penso”

Bobin: écrireImage par Gerd Altmann de Pixabay 

      Como é que aquilo que nós vamos aprendendo e compreendendo tem as implicações desejadas na nossa vida quotidiana? Por exemplo, ao estudar – mas não só –  pretende-se ligar esses dois planos: compreensão e vida.

        A Escrita pode ser uma mediação: compromete-nos no corpo da nossa história, mostra-a no seu entrelaçamento com todas as histórias, na sua abertura viva para sempre mais.

   Por exemplo, no estudo de um assunto, ao compreender-se  a importância de escrever e ao aprender sobre  formas de escrever, o resultado pode ser o surgir de um hábito de estudar escrevendo. 

     O resultado também pode ser conseguir delinear, ainda que apenas mentalmente, como se pode ajudar outros a escrever.

    Conduzir a própria mente – “uma espécie de escrita invisível”  -enquanto se realiza um trabalho manual ou simples, de pura presença a outro, aumenta o rendimento do trabalho mental e recolhe a energia que se dissiparia na passividade da mente entregue a si mesma.

     Recordar o que se estudou, repensá-lo de novo, sem recurso à fonte, com o projeto de o partilhar, com os outros ou num teste, mais adiante, consolida as evocações da mente, dá-lhes um sentido.

     Escrever, ao estudar, para conquistar o que se compreendeu, mas também para compreender-se.

    Estudar, escrevendo, para seguir e desenvolver o próprio processo do pensamento, tornando-o mais fluído, mais inteligível, mais determinado.

     Que outras mais razões para escrever?

Com os Trabalhos da Oficina – Partilha de Inspirações – OE

“Furinhos de Luz”

   “As estrelas são furinhos de luz no tecido do céu”

Filosofia Pré-Socrática

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    Os ruídos da noite – os que não são abruptos – os que chegam abafados, lá de fora, a presença da vegetação que se torna mais densa, a escuridão que aconchega as casas, tudo deixa adivinhar uma outra presença cujo silêncio é ainda muito mais forte do que a Vida na Terra.

   Falo das Estrelas, minúsculos sóis assombrando a treva, coando-se por entre farrapos escuros, como sinais de luz no manto andrajoso da noite.

    Adivinhamo-la, a fornalha de Luz, a inextinguível massa de ouro para lá de tudo, chocando o Universo como um pequeno ovo estaladiço, que ela se esforça por não romper antes do tempo.

70 Anos CAD – Com as Festas de Junho 2004 

Partilha de Inspirações – OE