Há algum tempo que vivo aqui e só hoje é que reparei na vista que tinha da minha janela. Não é muita, mas é alguma. De repente, veio-me à cabeça a quantidade de vida que existe neste local.
À minha frente vejo plantas floridas e abelhas a fazer comércio. Vejo também moscas a fazer corridas de um lado para o outro, a ver quem é a mais rápida.
À minha esquerda, vejo o limoeiro da vizinha e, finalmente, à minha direita, vejo as minhas tartarugas a apanhar banhos de sol.
Do céu, os raios de Sol entram pelo meu quintal fora e fazem concurso a ver quem consegue iluminar mais coisas.
Vejo pardalecos a brincar à apanhada. O meu papagaio passa as tardes a ladrar e a miar, a assobiar, a cantar os parabéns e até a chamar-me. Os meus periquitos estão sempre a namorar, como duas pessoas e a entrar dentro dos seus ninhos e a cuidarem dos seus ovos.
Quando o meu cão vai ao quintal e as moscas se põem de volta dele, ele tenta trincá-las.
Nos dias de Sol, o quinta cheira a harmonia e sente-se que os seres vivos falam uns com os outros.
Quando anoitece, toda esta magia que está no meu quintal desaparece e fica tudo calmo e silencioso.
Quando o dia nasce, repete-se tudo. E todos os dias isso acontece.
70 Anos CAD – PA6B – 2000
Publicado in “Boletim Informativo Colégio Amor de Deus” – 2000